domingo, 29 de dezembro de 2013

Fato, foto, documento

Foto de arquivo
Parque da Pasteleira
Primavera, abril de 2010 

FATO, FOTO, DOCUMENTO
Celso de Lanteuil
HFAG, Rio, 03/12/2013
 
A pressa é fato
O medo é fato
O fato é foto
A foto documento
 
A dor é fato
O susto real
Alegria virtual
No idoso é medo
 
O sonho enfraquece
A distância cresce
O chão esquenta
A raiva aumenta
 
E eu luto mais
E o mais é menos
O menos dissolve
Coragem, pensamento
 
Eu vejo o outro
O outro é fato
O fato é foto
A foto é o medo
 
Eu me esforço
A força diminui
E eu resisto
Mas não acredito
 
Justiça é fato
Fato é lei
Lei para poucos
Fato, foto, documento!
 


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

LANZONI

Depoimento de trabalhadores do cultivo da banana
Testemunhos de massacres através do canto, Chocó, Colombia 
Exposição inaugural da Casa Daros no Rio de Janeiro
 Brasil, Março de 2013
 

AMIGO LANZONI
Porto, 18 de Outubro de 2010
Celso
 
Não existe nada que me possa fazer te esquecer
Tudo que você disse
Tudo que você gritou
Tudo que você plantou
E colheu
Tudo que você acreditou e lutou
Por isso, você não vai nunca morrer...



quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Incêndio na Serra do Caramulo


CARAMULO 2013
Celso de Lanteuil
Algum lugar do globo, 02 de Outubro de 2013
Sobre o incêndio que destruiu grande parte da Serra
Distrito de Viseu, Centro-Norte de Portugal
 
A Serra do Caramulo ardeu
O fogo comeu a vida
O Caramulo queimou e sofreu
Uma dor que tirou e matou
 
Nenhuma esperança brotou da terra
As chamas já de longe avisavam
Eu machuco, eu queimo, eu destruo
E o Caramulo recuou, cedeu seus pulmões
 
Na expressão de uma fúria jamais vista
Se encolheu para aceitar sua condição
E do que aquela Serra fez um dia crescer
Viu nesse surto de horror desaparecer
 
Pessoas resistiram
Bombeiros lutaram
Até suas vidas doaram
Mas nada, nem ninguém teve forças
 
Nem o povo da terra
Que da terra entende
E da terra vive, sofre e sorri
Nem mesmo seus bichos, sua natureza irmã
 
Ninguém conseguiu
Convencer esse fogo enraivecido
Que era hora de parar
Que era tempo de deixar a vida seguir
 
O Caramulo ardeu
E só não queimou mais porque, dizem os locais
Era preciso alguma mata sobreviver
Viver para nos fazer lembrar de muitas coisas
 
Do nascimento, da luz, da infância
Do crescimento, do aprender e lutar
Que vida plena é amor, saber cuidar e respeitar
Compartilhar conhecimento, fraternidade e sonhos
 
Por isso dizem por aí que o Caramulo não pode desaparecer
Por que se morre uma Serra como essa
A vida respira pior
E o homem tem menos histórias para contar e abraçar
 
 
 
World Press Photo, Amsterdam 2013
Daniel Berehulak, 3rd Prize
General News Stories
Australia, Getty Images
 
Uprooted pine trees lie over a beach in Rikuzentakata, Japan
A year after the March 2011 Tsunami
Up to 40 percent of its population (over 23.000) was lost


segunda-feira, 30 de setembro de 2013

TOM HERCULES

World Press Photo Laureates 1956-2013
From Russia and The Soviet Union
Amsterdam
1st prize, Feature Picture stories
Sergey Vasilieve - Vecherny Chelyabinsk
The Birth of Man series
Maternity hospital in Chelyabinsk, USSR

TOM HERCULES
Celso de Lanteuil
Amsterdam, 21 of August 2013

Em homenagem ao meu sobrinho neto Tom

Somewhere in the globe
A day of contractions
The challenge pain
That shakes and vibrates

Somewhere in Europe
In a country full of strangers
A woman fought hard
To bring his baby to the world

Somewhere in London town
In the middle of the green and the Tub
Surrounded by art, museums and chilli weather
Two fathers and two mothers are there to support this brave

Somewhere in Amsterdam, Porto and Rio
A group of family and friends are celebrating
The newborn Tom, the Hercules of a new era
The symbol of a couple in love that grows in this global world

Somewhere, some day
We all be one in so many faces
Not a shadow neither a fake look
But the essence of this newborn Tom

The Hercules of a new era
The strength of this new man
This light that shakes and vibrates
The symbol of a couple in love that grows in this global world

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Sobre quem ainda somos

 
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Conversando com DaMata
Celso de Lanteuil
World Press Photo, 06 of June 2013

Amigo DaMata,
 
Para ser franco, as coisas por aqui continuam muito parecidas
As pessoas pouco mudaram
Não importa a nacionalidade, raça, cultura ou credo
Elas não suportam enxergar a realidade que machuca
Preferem o nascer do Sol, a primavera que chega
Bebês a sorrir, namorados a caminhar de mãos dadas
A água da lagoa que acolhe uma família de patos...
 
Eu também sou um pouco assim
Tenho essa vocação para celebrar e admirar a beleza que existe na vida e no viver
Gosto de sorrir e cantar
Observar estrelas, ondas a quebrar
Ver coelhos a correr nos gramados
Buscar a felicidade e nela me agarrar
 
Só que há ocasiões que é preciso atenção e cuidado naquilo que se diz
E na forma como vivemos
Em respeito a vida
Para se respeitar o próximo
 
O sucesso de alguns não é a felicidade de muitos
A paz que acalma uma nação não é a garantia da tranquilidade de outros povos
O conforto que experimentamos, a riqueza de uns poucos
Não impede a vida de seguir numa constante explosão de distorções
Onde a fome, o medo e o sofrimento são as únicas realidades a se tocar
 
Por isso lhe digo amigo
As coisas seguem bem semelhantes dos tempos em que por aqui viveu
Continuamos a perseguir bundas, peitos e labios
Paramos diante do espelho para analisar rugas, celulites, estrias
E o que podemos fazer para recuperar o tempo que passou apressado
Usamos pulseiras, brincos, argolas e colares
Pintamos os cabelos, implantamos cilicone para aumentar os seios
Fazemos cirurgias para diminuir a barriga e outras loucuras para perder peso

Queremos ter um pau ainda maior!
Dirigir Ferraris, usar relógios de 10.000 pounds
Morar em casas com 20, 50 quartos
Beber vinhos de 3.000 euros
Vivemos assim naturalmente
Sem perceber, queremos comer e beber ainda mais
Quando fartos, largamos a mesa cheia de restos
Sobras que fariam a festa de tanta gente

Meu amigo, ouve um tempo em que acreditei que evoluíamos
Certas liberdades conquistadas, muros derrubados
Transplantes que nos permitiram viver mais e melhor
O início da conquista do espaço e os avanços que vieram a reboque
Foram tantas inovações!
 
Novos telescópios, lentes, alimentos hidratados, computadores
Robôts mais inteligentes, microscópios de alta resolução
Bicicletas ergométricas, esteiras para mantermos a forma
Satélites, inerciais, GPS, LCD e mais, muito mais
 
Houve um momento que essa tecnologia me seduziu e pensei
Esse homem vai crescer. Ele vai aprender a equilibrar, a cuidar e a corrigir
Mas volta e meia descubro que andamos para trás
Parece que aquela vocação primitiva
Nossa velha tradição de resolver tudo com sangue nas mãos e coração
Não nos deixa amadurecer em paz...
 
Então basta o acaso para nos fazer olhar de outra forma esse Sol que volta a nascer
Num piscar, proliferam favelas, valas negras e mais trabalhadores a dormir pelas ruas
Entregamos num sinal nossa liberdade para pagar um viciado em ódio
Assistimos outros vícios surgir
A justiça se apropriar dos nossos direitos
O pior dos políticos receber honrarias de estado
Uma população tornar-se refém de políticas assistencialistas
Eleitores serem obrigados a votar sem convicção
 
E falar nessas coisas faz a intransigência surgir
Rompe a fina parede que separa direitos, que impede o olhar crítico
Logo amigos nos chamam de legalistas, radicais, inimigos ou pessimistas
Dizem que estamos cegos porque perdemos os empregos
Porque levaram nosso fundo de pensão
E nem a indenização do trabalho conseguimos obter
 
Mas nossa intolerância tem direção
Somos assim porque paramos para observar, ler, analisar, pensar e sentir 
Porque não aceitamos cuecões, mensaleiros, sindicalistas pelegos
Anarquistas, nem golpistas
Amigo DaMata, lembra daqueles sujeitos com duas caras que um dia sobre eles conversamos
Continuam por perto a defender o sustento deles em cima das nossas mortes
Se cuida aviador, porque aqui na Terra ainda precisamos de corpos para existir!
Será que algum dia isso muda?

Photo by Ebrahim Noroozi
1st Prize Observed Portraits Stories,
World Press Photo 2013, Amsterdam
selected among 103.481 images

Somayeh (29) and Rana (3), mother and daughter, living in souther of Iran
They were attacked with acid by husband Amir
Somayed was blinded and Rana lost one of her eyes  

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Brasil tenta mudar nas ruas...


A RUA É NOSSA
The poor and money, 1882
Van Gogh Museum

Brasil tenta mudar nas ruas...
Celso de Lanteuil
Em algum lugar do globo, 25-06-2013
 
A rua é nossa!
Não há gás, spray pimenta
Truculência que nos cale a voz
 
Chega de promessas eleitorais
Queremos mais e melhor, grita o povo
Padrão FIFA nas escolas, transportes e hospitais
 
Serviços, tarifas, segurança
Cidadania de primeiro mundo...
Brasil sem favelados, escravos e explorados
 
Cura para os políticos já!
Reforma na casa maior. Faxina na política nacional
Parlamentar com salário e nada mais
 
Queremos nossa identidade. Sermos menos desiguais!
Nas oportunidades, na aposentadoria
Justiça para todos. Juízes e politicos ficha limpa...
 
As ruas pedem mudanças. Por toda parte o povo clama
O recado está dado, é também para nós
Contra as práticas do toma lá da cá
 
Contra o silêncio das conveniências
Brasil para todos
Pessoas, a razão dessa nação




segunda-feira, 12 de agosto de 2013

GREVE DE FOME DO JOSÉ MANUEL

Foto do fotógrafo Paulo Resende

GREVE DE FOME DO JOSÉ MANUEL
José Manuel faz greve de fome no aeroporto Santos Dumont
Celso de Lanteuil
Algum lugar do globo, 11 de Agosto de 2013
 
Um homem tenta chamar atenção
Corpo idoso, cansado de esperar
É cidadão brasileiro
Já teve importância na construção do país
 
Trabalhou na VARIG. Produziu, gerou riqueza
Fez o Brasil atravessar o planeta
Ele não acredita nas autoridades
Não vê sentido nessa nação
 
De um lado beleza, riqueza, saúde e risos
Do outro o frio da indiferença
Ele faz sua greve de fome
Desesperado ato para chamar atenção
 
Não quer favor
Não quer perdão
Não deseja inspirar compaixão
Quer o que lhe é de direito
 
O investimento da sua previdência
A garantia do seu AERUS
Já se vão mais de sete anos
Desde então, muitos colegas morreram
 
Ele vendeu o patrimônio
Doou seu melhores anos
Por isso faz greve de fome
Não quer virar estatística desse enorme descaso
 
José Manuel quer chamar atenção
Corpo idoso, cansado
Não quer favor, não deseja inspirar compaixão
Prefere a morte digna no saguão do Santos Dumont
 

 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

MINHA PERSONAGEM

Entrando em terras espanholas após cruzar o Golfo de Vizcaya
Maio de 2013

MINHA PERSONAGEM
Celso de Lanteuil
Rio de Janeiro, 05 de Abril 2013
Ouvindo Creedence Clearwater Revival
Who'll Stop The Rain

Minha personagem é uma novidade
Anda de passagem
Não se faz notar
É da Terra, tem raíz em qualquer lugar

Compreende muitos idiomas
Se entende bem com quem quer falar
Tem vocação para se adaptar
Acha que o céu é azul para todos!

Nesse ir e vir, descobre o mundo
Uma terra disforme, irregular
Apressada, povoada e usada
Conhece o outro lado, ainda virgem

Sabe que existem diferenças
Enormes distâncias separam
Homens, animais, vegetais
Minerais e outros mais

Seu olhar não deixa nada escapar
Vê o agora, passado e amanhã
Enxerga quem fomos, quem somos
Imagina quem poderemos ser

Se assusta com a altivez dos homens
Sua angústia, medos, desejos e saber
Minha personagem tem medo
Dos horrores que nascem e amadurecem

Da sujeira que cresce e não desaparece
Dos desperdícios
Do indisfarçavel ignorar
Grita socorro, mas não sabe quem procurar

Diante da miséria que se alastra
Da violência que desta nasce
Da ignorância que aumenta
E faz nascer exploradores e escravos

Face a face com fanáticos alucinados
Consumidores desvairados
Governantes aloprados
Ela chora...

Senhora atravessa uma rua em Lagos, Nigéria
Fevereiro de 2013


quarta-feira, 8 de maio de 2013

UMA CRIANÇA

Crianças jogam bola descalças
Cidade Velha, Ilha da Praia
Cabo Verde, 04 de Maio de 2012
 
UMA CRIANÇA
Celso de Lanteuil
Porto, 28 de Outubro de 2012
 
Uma criança diz
Você é infeliz!
O pai responde
Bobagem sua
Ela insiste
Eu sei porque
 
Ele pergunta
Por que?
Sem vacilar
Conhecedora do assunto
Conclui
Você só sabe trabalhar

OUTRA CRIANÇA
Celso de Lanteuil
Porto, 28 de Outubro de 2012
 
Olha pra a mãe e reclama
Você não gosta de mim!
A mãe reage dando atenção

Faz carinho
Fala com beicinho 
A menina não quer saber de explicação

Esperneia, chora sem razão
A mãe pondera, explica
Tenta de outro jeito

Nada da resultado
Ela grita mais alto, chora outra vez
E repete, você não gosta de mim!

Hora do recreio
Cidade Velha, Ilha da Praia, Cabo Verde
 

354 CANVASES


The Holy Family, 1634
Rembrandt van Rijd
 
THIS IS REMBRANDT
354 CANVASES
Celso de Lanteuil
Amsterdam, 27-04-2013
 
Colour, shadow and light
Fear, pain, swords, arrows
A head decapitated
Turbans, self-portrait
Emotional states in front of the mirror
To better understand the expression of man
 
The praying woman, the soldier
The Apostle Paul in prison
The bust of an old sir, the Good Samaritan
Andromeda, Simeon’s song of praise!
David with the head of Goliath
Jeremia lamenting the destruction of Jerusalem
 
An old woman reading
The raising of Lazarus
Samson betrayed by Delilah
The power of imagination
An amazing spatial orientation
The inevitable atmosphere is created
 
Combined, light, shadow, colour and soul
The portrait of so many
Men, women, Princes…
The anatomy lesson of Dr Nicolaes Tulp
King Uzziah with leprosy
The rape of Europa
 
A bachelor
Nymphs bathing with Diana
Another self-portrait, again, again and again
Christ in the storm, suffering on the Cross
Entombment
Resurrection and ascension
 
The abduction of Ganymede
A beautiful boy took by Zeus to Olympus
Into an eagle’s shape!
Abraham’s sacrifice
Philistine soldiers blind Samson
Flora, Minerva, a man in oriental dress
  
Young wife Saskia
Maria on a trip
Another portrait, again and again
The night watch
A huge canvas, one of so many
A slaughtered ox
 
Different faces, landscapes
Angels, glory and disgrace
A history of studies
Time makes us realize
How essential art it is
For the evolution of man
Representing reality
Samson overpowered by the Philistine soldiers
 

terça-feira, 7 de maio de 2013

QUE ARTE É ESSA

Jaqueline no piano e Liliane no vocal
Fazendo Arte, Paquetá, Abril 2013
 

QUE ARTE É ESSA…
Celso de Lanteuil
Salamanca, 02 de Janeiro de 2013
 
Que arte é essa que faz pintura virar depoimento
Ferro tornar-se movimento
Vidro modificar o momento
Moldura valorizar o instante
Bronze eternizar um beijo
Máscara ocultar o proibido?
 
Arte que nasce do homem
Desde o primeiro expressar
Que vai se transformando e mudando
Com esse curioso humano
Obscuro, rude, ignorante, assustado
Que segue diante do Sol...
 
Vai artista, atento sem saber
Amolecendo o bruto que há em você
Errando para aprender
Dominando para conquistar, conquistando para ser
Amando e odiando. Plantando e destruindo
Libertando e sufocando
 
Vai nascendo e crescendo
Malabarista inventor!
Persistente em alguma dor
Nesse caminhar de extremos
Onde de tudo aprendemos
E desaprendemos num piscar
 
Mago da criação, usa da imaginação
Insiste com a madeira a fazer seu documento
Arame, prego, espinho
Corrente, papel, ouro, metal
Vai deixando seu registro, não importa se desigual
Do que amou, lutou, sofreu, perdeu ou ganhou



Em frente mágico da vida
Quer no mármore, argila, azulejo
Esmalte, restos de papelão e latão
Produz sua expressão
Para que outros possam sentir
Esse pulsar que não para de seguir
  
Desse modo vai. Construindo e desconstruindo
O velho e o novo, se agarrando e partindo
Numa outra forma de dizer
De cantar, fazer rir ou chorar
Retratando a experiência da vida
Esse ritmo que não pode parar



The Potato Eaters, Van Gogh Museum
Amsterdam, 03-2013
 

 

segunda-feira, 6 de maio de 2013

ORAÇÃO PARA DEUS

 
Notícias do cotidiano
Rio de Janeiro, Março 2013
ORAÇÃO PARA DEUS
Celso de Lanteuil
Rio, 13/12/2002
 
Poderoso Deus, esqueceu dos seus?
Nas ruas, lares, favelas, tribunas e tribunais...
Deixa enlouquecidos ditadores sangrar seus horrores
Em guetos, pratos vazios, no contraste do lixo rico!
 
Onipotente Deus
Como permite ensandecidos assassinos 
Sorrindo fazerem oficio
Sucesso com a morte e o medo?
 
Deus, não lhe parece cruel?
Desce logo dos céus. Pisa a Terra, molha os pés
Toca os doentes, aquece lençóis
Destrói as armas que noz fazem chorar
 
Cura logo as doenças
A ambição que destrói a paz
Acaba com o egoísmo, a gula, esse ódio que não acaba mais
Essa escravidão que aprisiona sonhos
 
Você que tudo criou e dizem tudo pode fazer
Porque não inventa solução, para essa triste confusão?
Não seja assim tolerante, com essa tragédia humana
Corrige rápido esse caos, do contrário, vai acabar muito mal

Mas se nada disso procede e está em nossas mãos
Mudar, avançar, cuidar, compreender
Consertar, educar, aprender e amar
Temos que nos mexer, temos que nos mexer
 
Depoimento de trabalhadores do cultivo da banana
Testemunhos de massacres através do canto, Chocó, Colombia
Exposição inaugural da casa Daros
Rio de Janeiro, Março de 2013
 
 

 

 

terça-feira, 12 de março de 2013

AS FOTOGRAFIAS

Entardecer visto do Arpoador
Rio de Janeiro, Janeiro de 2013
 
 
FOTOGRAFIAS
Celso de Lanteuil
Rio, 27 de Janeiro de 2013

Fotografias!
Sorriem e choram
Revelam espantos, oportunidades
Gestos, espontaneidade
Detalhes, testemunhos

Fotos traduzem
Conversas, acordos, segredos, detalhes
Mostram desavenças
Perguntas, respostas
Causas, efeitos, atitudes expostas

Fotos mostram
Palavras, olhares, pensamentos
A respiração explodindo
O coração interrompido
Uma expressão de preocupação

Fotografias são documentos
A sedução que passou
O vestuário de agora
Momentos políticos
Pequenos e grandes fragmentos

Aquilo que foi
Que poderia ter sido
Excessos, ritos e crenças
Fobias e fanatismos
Nossas piores e melhores práticas

Fotos são sonoras e cheiram
A mar, grama, flor, feijão, vendaval
Cantam, gritam, dançam
Correm, escorregam, tombam
Sangram!

Sabem mascarar também
Instantes, intenções, fatos, expressões
O árduo e o suave, a água e o fogo, o lixo e o luxo
Dores, valores, sonhos perdidos
Não nos deixam esquecer, mas cuidado com as poses
 

Lisboa, 2012


segunda-feira, 11 de março de 2013

BANAL

Travessa que liga a Rua Santa Clara em Copacabana,
a Praça Edmundo Bittencourt, também conhecida como
Praça do Bairro Peixoto, Rio de Janeiro de 2013
BANAL
Celso de Lanteuil
Rio, 23 de Janeiro de 2012
Para musicar

Banal, está nos jornais
Normal, ninguém liga mais
Banal, está nos jornais
Normal, ninguém liga mais

O carro avança o sinal
A carreta segue na contramão
Um bêbado muito veloz
Na curva perde a razão

Banal, está nos jornais
Normal, ninguém liga mais
Banal, está nos jornais
Normal, ninguém liga mais

A morte está à vontade
Não faz qualquer distinção
Está abusada, não tem compaixão
Não quer esperar o amanhã

É tiro, é faca, soco, pontapé
No trânsito, na escola, em casa, na diversão
É um jogo difícil demais
A dor não machuca mais

Banal, está nos jornais
Normal, ninguém liga mais
Banal, está nos jornais
Normal, ninguém liga mais



Escrito alguns dias antes da tragédia que vitimou em Santa Marta
Rio Grande do Sul, mais de 240 jovens


E a vida segue...
   Estação Primeira da Mangueira
Ala das baianas em evolução no Sambódromo
Carnaval de 2013, Rio de Janeiro